Artur Gomes – Como se processa o seu estado de poesia?
Adriano Moura – A poesia pra mim é um estado de incômodo com o mundo e com a linguagem, manifestado a partir do encantamento ou da mera observação dos seres e acontecimentos.
Artur Gomes – Seu poema preferido?
Adriano Moura – Não tenho um poema preferido. Mas “Aniversário “ de Fernando Pessoa é um dos que mais gosto.
Artur Gomes – Qual o seu poeta de cabeceira?
Adriano Moura – Hoje em dia é o Manoel de Barros…
Artur Gomes – Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?
Adriano Moura – A descoberta de um novo som ou sentido pra alguma palavra já conhecida.
Artur Gomes – Livro que considera definitivo em sua obra?
Adriano Moura – Ainda não o tenho. Nem sei se terei. Preciso escrever o último livro para ter uma resposta.
Artur Gomes – Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?
Adriano Moura – Escrevo alguns poemas em prosa e faço algumas experiências com a poesia concreta e o poema processo.
Artur Gomes – Qual poema escrevei quando teve uma pedra no meio do caminho?
Adriano Moura – e o verso se fez carne.
Artur Gomes – Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Adriano Moura – Espero que passem todos que atrapalham o desenvolvimento ético, moral e poético da humanidade.
Artur Gomes – Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?
Adriano Moura – Não gosto de tribos. Gosto de experimentar tipos, comportamentos, linguagens variadas. A tribo limita a criação a uma origem e origem não é nem mesmo o começo.
Artur Gomes – Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?
Adriano Moura – Acho que o militante e o poeta podem ser papéis distintos para uma mesma pessoa. Acredito que haja cidadão militante. Atribuir ao poeta tal função é tornar a sua poesia instrumento apenas. Apesar de ela também poder atuar como forma de luta. Mas dependerá antes da escolha do cidadão, e não de uma obrigação do poeta.
Artur Gomes – Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Adriano Moura – Qual seu próximo livro?
Resposta: “Invisíveis “. Apesar de não ser um livro de poesia, mas de contos, a verve poética está lá, na sintaxe e semântica das frases.
Artur Gomes – Quando nos conhecemos lá pelos idos dos anos 80, você era aluno do curso técnico na Escola Técnica Federal de Campos. O que te fez dar um salto nesse muro para mergulhar na literatura e no teatro?
Adriano Moura – A participação na oficina de teatro e coral da ETFC que você e Vicente Rangel dirigiam respectivamente foi fundamental nesse processo.