Artur Gomes – Seu poema preferido?
Hugo Pontes – Se for um poema de minha autoria, minha predileção será sempre o Poema Visual “NÓS” (criado em 1978) e censurado inúmeras vezes. De outro poeta: Congresso no Polígono das Secas, de João Cabral de Melo Neto, in Morte e Vida Severina…
Artur Gomes – Qual o seu poeta de cabeceira?
Hugo Pontes – João Cabral de Melo Neto
Artur Gomes – Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?
Hugo Pontes – O que me impulsiona criar são as questões de ordem social e de razões políticas.
Artur Gomes – Livro que considera definitivo em sua obra?
Hugo Pontes – Morte e Vida Severina e Outros Poemas em Voz Alta, de João Cabral de Melo Neto
Artur Gomes – Além da poesia em verso, já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia?
Hugo Pontes – O início da minha atividade literária foi a poesia. Depois de certo tempo, influenciado pelos poetas do concretismo, desenvolvi alguns Poemas/Processo, já influenciado por Wlademir Dias-Pino, e daí para o poema visual foi um pulo.
Artur Gomes – Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho?
Hugo Pontes – O poema tem por título BOI. Passei 10 anos escrevendo este longo poema. Foi censurado em concurso de poesia. Está publicado no meu livro Poemas Visuais e Poesias, da Editora Annablume, 2001 e 2007.
Artur Gomes – Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho?
Hugo Pontes – Tenho 75 anos. Não sou muito de ficar em casa. Posso não passar, mas penso que o mundo vai passarinho. Nossa gente deverá repensar as suas práticas no campo social, econômico, político e cultural.
Artur Gomes – Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele traz as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo?
Hugo Pontes – Minha referência está na cidade de Oliveira-MG, com o poeta Márcio Almeida, Waldemar de Oliveira, Márcio Vicente Silveira Santos (de Sete Lagoas-MG) quando, em 1963 criamos o Grupo de Vanguarda VIX. Ali publicamos os nossos primeiros poemas e nossas primeiras antologias. Éramos adolescentes, estudantes e, como tal, gostávamos de namorar e jogar futebol.
Artur Gomes – Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia?
Hugo Pontes – O poeta sempre é lembrando em algum momento que alguém queira citar um determinado verso, ou declamar um poema. Em todos os tempos o poeta será sempre um criador, um intelectual. E também marginal, pois sempre dirá o que muitos não gostam de ouvir/ler.
Artur Gomes – Que pergunta não fiz que você gostaria de responder?
Hugo Pontes – Não sou de falar muito. Penso que as perguntas foram suficientes.