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Sua grande paixão confessa é o Teatro, mas ela é também odontóloga. Nos conhecemos em 1994 no palco encenando  A Cantora Careca. Anos e anos se passaram, o destino nos levou por caminhos diferentes, mas em 2019, consegui levála ao palco interpretando poesias no XXV FestCampos de Poesia Falada, e prosseguindo em  nossa saga com  Teatro do Absurdo,  temos planos de encenar num futuro próximo O Último Godot, do polonês Matei Visniec.

Micaela Albertini

Conheci o teatro ainda pequena na escola . Minha primeira peça foi A Bruxinha Que Era Boa, de Maria Clara Machado. Venho de  uma família que sempre viajou e leu muito e acho que isso influenciou minhas escolhas. Quando adolescente frequentei o curso de teatro Laura Alvim, onde estudei Shakespeare e interpretei a Catarina, da Megera Domada. Depois em Campos, conheci o Teatro do Absurdo de Ionesco, atuando em A Cantora Careca. Já adulta tive a oportunidade de entrar no Tablado e estudar vários autores.

O teatro liberta, é onde posso viver o que seria impossível na vida real, verbalizar frases que sem a blindagem do personagem seria pouco provável . Agora retorno através de um convite do poeta Arthur Gomes, para conhecer o  mundo da poesia e recitá-la, confesso que não é fácil.
O teatro para mim é um prazer despretensioso que não interfere na minha profissão de dentista, ao contrário, me traz conhecimento e cultura para que eu possa interagir cada vez melhor com as pessoas de um modo geral.

Artur Gomes –  Como se processa o seu estado de poesia?

Micaela Albertini –  O meu estado de poesia acontece quando estou triste e melancólica, engraçado que na alegria não consigo pensar em poesia.

Artur Gomes – Seu poema preferido?

Micaela albertini – Não tenho  um preferido, tenho alguns que gosto mais que outros e isso depende do momento em que estou lendo, porém, tem um que gosto muito que é E agora José?, de Drummond de Andrade.

Artur Gomes – Qual o seu poeta de cabeceira?

Micaela Albertini – Meu poeta de cabeceira no momento é Artur Gomes , sua forma de escrever é orgânica, dá para sentir suas palavras e neste momento tem me feito muito bem.

Artur Gomes – Em seu instante de criação existe alguma pedra de toque, algo que o impulsione para escrever?

Micaela Albertini – Não sou poeta, o que escrevo é para mim e não compartilho. Escrevo coisas que sinto e coisas que gostaria de dizer mas depois rasgo. Foi uma forma que encontrei de me expressar sem consequências.

Artur Gomes –  Livro que considera definitivo em sua obra?

Micaela Albertini – Sem dúvida,  Agatha Christie foi quem mais li na minha adolescência. 

Artur Gomes – Além da poesia em verso,  já exercitou ou exercita outra forma de linguagem com poesia¿

Micaela Albertini – Na verdade não.

Artur Gomes – Qual poema escreveu quando teve uma pedra no meio do caminho¿

Micaela Albertini – O poema da minha vida, vem na forma que enfrento as adversidades da vida, procurando me reinventar sem muito drama, procurando ser mais prática.

Artur Gomes – Revisitando Quintana: você acha que depois dessa crise virótica pandêmica, quem passará e quem passarinho¿

Micaela Albertini – Acho que passará algumas mágoas, desculpas dadas em vão, passará o mal por algum tempo, depois voltaremos para a realidade da rotina e assim o passarinho voltará ao seu ninho.

Artur Gomes – Escrevendo sobre o livro Pátria A(r)mada, o poeta e jornalista Ademir Assunção, afirma que cada poeta tem a sua tribo, de onde ele trás as suas referências. Você de onde vem, qual é a sua tribo¿

Micaela Albertini – Nunca fui de uma tribo. Não me encaixo em rótulos. O mundo é muito grande e as pessoas são tão diferentes, que ficar engessada em uma única forma é pobre  demais. Eu me adapto muito bem às mudanças, em conhecer coisas diferentes. Costumo dizer que, até o que dá errado na viagem, me encanta. Tento sempre vê o lado positivo de tudo.

Artur Gomes – Nos dias atuais o que é ser um poeta, militante de poesia¿

Micaela Albertini –  Ser poeta hoje é vagar na própria solidão. É como se o mundo necessitasse de Poesia mas tem preguiça de pensar. Se lê muito pouco hoje em dia, é muita frase feita pra pouca ação. 

Artur Gomes – Que pergunta não fiz que você gostaria de responder¿

Micaela Albertini – Que série você está assistindo e que filme você indicaria? 
Estou assistindo ¨Anne com E¨ , maravilhoso e o filme seria ¨Bohemian Rhapsody¨ a história de Freddie Mercury, sensacional.

 

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