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Sim, a gente precisa urgentemente falar de Roseana Murray, então porque não começar com um poema? Veja isso…
Borboletas
Borboletas azuis
esvoaçam por entre a névoa
feitas da própria neblina,
insubstanciais.
Suas asas esgarçam a realidade.
(06.03.2011)
Do livro: “Diário da Montanha” – Editora Manati
Falando em realidade, é bom que se diga que Roseana é uma poetisa que tem uma grande cumplicidade com seu público.
Um dia ela me contou que vive de sua poesia. Sempre viveu de sua poesia…
Seus leitores também vivem de sua poesia, ou melhor dizendo, vivem sua poesia.
Ela se coloca num lugar de humildade e muito responsável quando o assunto é o leitor, tanto que a Casa Amarela, sua residência em Saquarema, lugar consagrado à arte da leitura e da criação literária.
As crianças que chegam para o “Pão e Texto”, são suas convidadas de honra. Ela mesma faz o pão, e disponibiliza uma mesa para que todos se banqueteiam, não sem antes uma ótima conversa sobre o livro apontado pelas professoras da escola convidada.

O que pude observar na pessoa de Roseana Murray é que ela realmente é uma poeta de verdade. Está sempre desarmada e curiosa, parece uma criança longe dos pais!
Na Casa Amarela, o Jardim e os gatos falam tudo de sua curiosidade. As pessoas, bichos e plantas que convivem lá são especais, não só na manutenção do espaço mas na função de humanidade e cumplicidade a que todos se dão.

Tudo isso vi com meus próprios olhos, como também pude desfrutar do Clube da Leitura! Gente… que encontro!
O último do ano aconteceu na casa de uns amigos da Roseana, foi tudo perfeito. Bom ir a um lugar onde o protagonista é o livro, a leitura e o conhecimento. Estive uma única vez com esta tribo de trovadores e espero retornar.
Acho que o Brasil precisa falar de Roseana Murray, neste momento que estamos vivendo. Ela tem um repertório crítico, uma atitude de rebeldia face a tudo o que aí está.
Sua presença no mundo tem um sentido libertador, pela linguagem e sentimento de mundo, por onde sua poesia reverbera.

Ainda bem que seus livros vendem bem. São mais de um ou dois ou três milhões de exemplares vendidos, bom saber que o Brasil, a seu modo, lê esta poeta de sentimentos tão profundos…
Eu mesmo fui um leitor atento de sua obra a partir de 1992, quando comecei a divulgar seus livros nas escolas do Rio de Janeiro, um trabalho que fazia para a Livraria Eldorado, da Barra da tijuca.
Não foram poucas as vezes em que embarquei num ônibus rumo à zona norte, zona oeste ou por alguma comunidade carioca, para fazer mímicas enquanto seus poemas eram lidos por atores, professores e poetas que compunham nossa caravana de divulgação.

Os anos passam e a poesia brasileira sempre encontra seu lugar no coração do público. Roseana Murray é agente ativa dessa construção.
A imagem de uma Brasil que lê, sempre estará na paisagem de sua monumental obra, que é sólida, profunda e visceral. As crianças que leram seus livros a tantos anos, hoje em dia, muitos são adultos, como eu!
A cada novo ano, surgem novos leitores de sua obra, portanto, a esperança pelo viés da poesia, é algo que realmente nunca morre.
Sua poesia viva, sua vida é luz, sua obra é profunda… o resto, é caminhar pela senda da invenção! (Jidduks)
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Muito bom o artigo
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Obrigado mana querida!